Alimentação natural, ração industrializada, novos tutores de cães

Os cães interagem com o homem á muito tempo; 20 mil anos pelo menos, quando ainda não eram considerados cães. Após muitas mudanças, as duas espécies se adaptaram entre elas.  Os cães seguiam os humanos para beneficiar-se dos restos da comida; de outro lado o homem se sentia menos ameaçado por outras espécies de animais que eram afugentados pelos canídeos.

Uma relação da necessidade de ambos promoveu esta aproximação, estabelecendo uma nova organização em que o homem passa a ser reconhecido pelos  cães como parte de sua matilha, tendo a função de “macho alpha”  protetor e provedor de alimentos, abrigo e carinho.

Muitos anos se passaram, e após a segunda guerra mundial as rações industrializadas para animais foram aparecendo no mercado mundial. O crescimento destes produtos no mercado; com variedade de composição e valor comercial acessível; acompanhou a evolução das famílias ( ou matilhas, podemos considerar assim também ) tornando-se uma alimento completo, de fácil conservação, sem necessidade de qualquer preparo e com alta aceitabilidade pelos cães.

No Brasil, as rações industrializadas chegaram a partir da década de 70 e hoje representam 68,6% do mercado Pet no Brasil; é estimado um crescimento próximo de 10% para o ano de 2018. (fonte: Abinpec).

Em contrapartida a este crescente mercado, observa-se uma mudança das características dos tutores dos cães. Eles vêm melhorando seus conhecimentos sobre as necessidades dos animais. Buscam cada vez mais o que tem de melhor em tratamentos e produtos. O tratamento destinado aos seus cães companheiros esta humanizado; não aceitam qualquer coisa ou idéia pronta.  O que é bom para a vida do tutor esta sendo extrapolado para a vida e bem estar dos cães. O naturalismo, o vegetarianismo, e por ai vai…

Na alimentação fornecida pelos novos tutores dos cães, observa-se um retorno a alimentação de antigamente, quando a base da alimentação eram as sobras da alimentação humana, aproxima desta maneira o mesmo que as duas espécies consomem de alimentos.  Denominado a alimentação como “Natural” ou “Caseira”.  Alguns consideram isso modismo, outros dizem ser melhor por não haver conservantes, ser fresca e mais saborosa.

A pesquisa científica sustenta que o alimento industrializado, balanceado, feito com grãos, carnes, vitaminas e minerais ainda é a melhor opção para alimentação dos cães; pois fornece todos os nutrientes para o bom desenvolvimento do animal e manutenção do estado de saúde adequadamente.

Há de se ter muito cuidado quanto ao que é fornecido aos cães como alimento. A ração industrializada é feita com matérias primas adequadas para os animais, garantem os níveis ideais de micro e macronutrientes necessários para saúde animal; apresentam conservantes e antioxidantes que garantem segurança ao alimento processado, mas podem ser alergenos e até cancerígenos.

Já o alimento caseiro, feito individualmente, é fresco, feito com carnes de primeira, legumes e verduras frescos, mas precisam de uma suplementação extra com um pollivitamínico e minerais, pois não é fácil garantir uma nutrição balanceada aos cães sem muito estudo e conhecimento de nutrição.

Em tempos remotos os animais caçavam e também comiam as sobras dos humanos, corriam por campos largos, bebiam água de riachos, descansavam à sombra da árvore frondosa, dormiam sob à luz do luar aquecidos pela terra, morriam subitamente de doenças banais tal como picada de cobra e  verminose.

Em tempos atuais, os cães comem o que os humanos decidem o que eles devem comer, correm em corredores e comôdos de piso porcelanato lustroso, bebem água filtrada e descansam em camas fofas de materiais sintéticos sob a luz de LED, morrem em idade avançada, de doenças similares as que acometem seus tutores tais como obesidade, diabetes, câncer, síndrome cognitiva, etc.

Qual alimentação ideal nos dias atuais? Há um grande esforço para responder esta pergunta. São muitos pontos a serem considerados: raça, tamanho, sexo, atividade diária, doenças pré-existente, estado e necessidade nutricionais de acordo com a fase da vida, custo, disponibilidade, e por  ai vai…

Para ajudar vamos esclarecer o que é cada tipo de alimento. A definição do que é melhor e mais adequado cada matilha vai ponderar a sua, buscando o auxílio de um Médico Veterinário.

Definição de cada tipo de alimento para cães: (fonte: www.abinpet.org.br)

Alimento natural: derivado de ingredientes vegetais, animais ou minerais no seu estado natural, ou que tenha sido objeto de transformação física, tratamento térmico, processamento, purificação, extração, hidrólise, enzimólise, fermentação, mas que não tenham em sua composição elementos sintetizados quimicamente, exceto em quantidades inevitáveis pelas boas práticas de fabricação (definição AAFCO –  Association of American Feed Control Officials , 2014).

Alimento industrializado: é todo alimento processado em ambiente industrial

Alimento completo: produto específico destinado a alimentação exclusivamente de animais de companhia, composto por matérias-primas e aditivos que atendem todas as necessidades nutricionais do animal.

Alimento coadjuvante: composto por ingredientes, matérias-primas ou aditivos e destinado exclusivamente à alimentação de animais de companhia com distúrbios fisiológicos ou metabólicos sem qualquer agente farmacológico ativo.

Alimento específico: produto composto por ingredientes, matérias-primas ou aditivos, destinado à alimentação de animais de companhia com finalidade de agrado, prêmio ou recompensa, e que não se caracteriza como alimento completo.

Alimento caseiro: preparado fora de ambientes industriais, composto de legumes, verduras, cereais, carnes e outros alimentos.  A alimentação caseira pode não ser precisamente balanceada para conter os nutrientes essenciais nas quantidades mínimas recomendadas para os animais de estimação, tornando necessária a suplementação de vitaminas e minerais.

Dra. Antonieta M. C. Zabeu

Médica Veterinária – CRMV/SP 11024. Fisiatra e Mestre em Engenharia Biomédica, pela Universidade do Vale do Paraíba – SP, na área de Laser de Baixa Potência.

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